O Brasil está entre os países onde a população mais se sente insegura com relação às mudanças climáticas. De acordo com a pesquisa “Global Views On Climate Change”, realizada pela Ipsos, 61% dos brasileiros acreditam que terão que deixar suas casas nos próximos 25 anos por conta das alterações no clima. O país ocupa o segundo lugar no ranking geral, atrás apenas da Turquia (68%) e à frente da Índia (57%).
Ainda conforme o levantamento, 79% dos participantes da pesquisa afirmam que as alterações já afetam rigorosamente o país. O Brasil perde apenas para o México nesse quesito de percepção, que soma 81%. E faz sentido! Nos últimos meses, por causa do El Niño, o Brasil enfrentou – e ainda enfrenta – diversas mudanças climáticas, com tempestades e secas, que afetaram desde a população em geral até as indústrias, principalmente do agronegócio.
Para se ter uma ideia, o estado do Amazonas passou pelo maior período de estiagem da história, entre outubro e novembro de 2023. O rio Negro chegou a atingir 12,7 metros – o menor nível em mais de 100 anos. Essa seca histórica impactou a indústria e implicou R$ 1,4 bilhão de custos extras às empresas, que diminuíram a produção diante da falta de insumos e da dificuldade para escoar os produtos finais.
Em Minas Gerais, uma forte seca no segundo semestre de 2023 levou 170 municípios a decretar situação de emergência. Segundo um levantamento da Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural de Minas Gerais (Emater-MG), feito em 241 municípios das regiões mais afetadas (Norte e no Noroeste de Minas), a estiagem causou perdas para 326 mil agricultores entre julho e dezembro, período do plantio da safra de grãos.
A seca foi causada justamente pelo fenômeno climático El Niño, que também provocou fortes ondas de calor e levou o ano de 2023 a ser o mais quente da história.